Shiva ou Siva, o deus hindu da destruição; é sem dúvida,uma
das divindades mais sinistras e mal-compreendidas do vasto panteão indiano. Ao
contrário do que muitos idiotas pseudo-bruxos dizem,o Senhor Shiva, não é um
simples demônio; ele é muito mais do que isso, ele é o Senhor dos demônios. Seu
nome possui vários significados, desde benevolente, auspicioso, afetuoso à
terrível, destruidor,etc. Shiva é o deus do ritmo cósmico,do ciclo
nascimento-morte-renascimento, do ciclo metabólico e catabólico, sem o qual não
poderiam existir desenvolvimento ou vida. É o deus do Caos e da Ordem.
Shiva é conhecido por diversos nomes, tais como: Panchamukhi
Maruti, Nilakhanta [garganta azul], Shambu [o benígno], Pashupati [O Senhor das
Bestas], Aghora [Nada é Horrível], Nataraja [O Senhor da Dança], Rudra [O
Nêmesis da Escuridão], Mahadeva [O Grande Deus], e muitos outros. Lorde Shiva,
como é chamado por seus devotos,também é conhecido como o deus da morte,por que
acima de tudo é o destruidor do Ego humano e da morte carnal.Ele é o doador da
imortalidade para seus devotos.
O culto à Shiva é o mais popular e também pode ser um dos
mais ocultos e sinistros,ao lado do culto de sua consorte,a deusa Kali,a Deusa
da Morte,a Senhora e Mãe do Universo.Muitos de seus devotos são conhecidos como
Sadhus [os Homens Santos] e tendem a praticar toda forma de ascetismo para
demonstrar e provar sua devoção.
Shiva é representado quase sempre semi-nu, símbolo de sua
condição primitiva para o mundo. Seu corpo é a demonstração de sua
transcendência,com seus olhos semi-abertos,ele está emergido em meditação,está
no Caos infinito e inatingível.O Ganges nasce em seu cabelo como uma fonte que
jorra ao longe nas montanhas dos Himalayas.
A Lua nova em sua testa,a serpente
naja ao redor de seu pescoço,o touro sagrado Nandi [O Fiel],são símbolos
sagrados,formam um agrupamento que indica a função de Shiva como o deus da
fertilidade.
Em sua testa estão três linhas horizontais,pintadas com cinzas,que
representam os três deuses da Trimurti,os três mundos.No centro de sua testa
figura o Terceiro Olho [O Olho da Destruição]; é através deste olho,que a
manifestação cósmica é mantida e destruída. É ele o difusor da vida e da
morte.Ao redor de seu pescoço,está uma guirlanda de 108 contas,os 108 elementos
da criação material, e em uma de suas mãos está um rosário de 50 contas, as 50
contas do alfabeto sânscrito.
Os dois brincos em sua orelha,são indicativos de
sua percepção cósmica;ele está sentado em uma pele de tigre,um símbolo de
poder,mostrando seu domínio sobre o mundo material,animal.As diversas formas
pelas quais Shiva apresenta-se,muitas vezes chocam as pessoas menos
avisadas.Encontram-se imagens com um aspecto sereno e outras de aspecto
atemorizantes,nos quais Shiva é o símbolo do Caos,da destruição total do
universo.
Sob este ponto de vista,Shiva é considerado o Senhor dos
Crematórios, o Senhor dos Ganas [que são terríveis demônios,fantasmas e
vampiros], que servem à Shiva e residem com ele nas criptas de cremação e nos
cemitérios.Várias de suas estátuas o representam ornado de crânios e coberto
com as cinzas dos mortos.
Muitas pessoas,ainda presas pelas amarras do Cristianismo e
de outras religiões ortodoxas, não compreender essas representações e seus
significados ocultos, mágicos e esotéricos.Entre as várias divisões de devotos
e filosofias que fazem parte da devoção à Shiva,os mais sinistros e místicos
são os Aghoris e os Gorakhnathis, pertencentes as antigas escolas tântricas e
para muitos são considerados os verdadeiros praticantes do Tantra do Caminho da
Mão Esquerda ou Magia Negra. Ainda há muito mais há dizer sobre o Senhor Shiva.
Um dos deuses mais fascinantes e misteriosos entre todos os sistemas ocultos e
mitológicos de todos os tempos.
Conta uma antiga tradição indiana que o Senhor Shiva sempre
que decide vir à Terra toma a forma humana de um yogue errante. Shiva é a
divindade que, mais do que qualquer outro deus indiano, serviu de modelo aos
yogues. Segundo essa mesma tradição, Shiva realmente existiu, há milhares de
anos, na forma humana de um sábio yogue. No entanto, as histórias a ele
relacionadas apresentam um caráter um tanto quanto mitológico. Sua imagem
encontra-se constantemente associada ao monte Kailash, no Himalaia – morada das
neves –, sua principal residência e alvo de inspiração dos yogues, sadhus
(ascetas virtuosos) e samnyasins (renunciantes da vida mundana).
Shiva, o pai do Yoga, é uma das personalidades mais citadas
nos Puranas (1). Acredita-se que Shiva tenha vivido um período de sua vida nu,
com apenas uma fina camada de cinza recobrindo seu corpo – como vivem, ainda
hoje, muitos yogues reclusos na Índia – ou como se vestiam os antigos ascetas
hindus que moravam nas distantes florestas e nas cavernas do Himalaia.
Muitas vezes, Shiva é representado trajando apenas uma pele
de tigre ao redor da cintura e/ou uma espécie de manta – também do mesmo
material – em torno do tronco, com um de seus ombros descoberto e com algumas
serpentes najas ao redor do pescoço, da cintura e dos braços, e uma lua
crescente em seu longo e indisciplinado cabelo. A respeito dessa representação,
há uma antiga e interessante história que conta como ele adquiriu tal
aparência.
Mitologia em torno de Shiva é vasta, mas ele existiu como
ser humano há milhares de anos
Certa vez, o rei dos demônios, incomodado com a sabedoria e
os poderes de Shiva, enviou um dos seus súditos na forma de uma peçonhenta serpente
naja para matá-lo. Antes que a serpente o mordesse, Shiva – o “Senhor de todas
as Criaturas” –, agilmente, pegou-a com a mão, domou-a e a colocou como adorno
ao redor de seu pescoço. Então, a serpente tornou-se sua fiel amiga e
companheira. Furioso, o rei dos demônios enviou outro demônio mais feroz na
forma de um terrível tigre. Ao lutar com o feroz animal, Shiva percebeu que ele
não poderia ser adestrado e que precisaria matá-lo. Com a sua pele,
confeccionou uma roupa para se vestir.
Essa história mostra-nos que os momentos difíceis e de
atribulações podem muito ajudar a crescer como pessoa, a compreender muitas
situações e, consequentemente, tornar melhor e mais capaz; que não se deve
desesperar e desanimar e, sim, procurar extrair das circunstâncias
desfavoráveis algo de útil, um aprendizado ou proveito, assim como o fez Shiva.
A partir desse posicionamento, é possível tornar-se mais autoconfiante,
experiente, forte e sábio.
Shiva como Mahadeva é o grande deus do panteão hindu; como
Shankara (o pacificador), um yogue meditante; e como Shambo ou Shambhu, o
mestre benevolente. Shiva, muitas vezes, é também representado portando em sua
mão um tridente – trishula – arma sagrada com a qual ele destrói o mal e a
ignorância. A naja é a mais mortal das serpentes. Uma naja como adorno ao redor
do pescoço e da cintura simboliza que Shiva dominou a morte, tornou-se imortal.
Ela também representa a kundalini desperta, o constante estado de samadhi – de
superconsciência – em que ele se encontra. O tambor (damaru) que ele segura na
mão, quando assume a forma de Nataraja – o deus dançante –, simboliza o som do
nascimento do universo (o mantra OM). É com ele que Shiva marca o ritmo do
universo, as eras (yugas) e o compasso de sua dança. O touro branco (nandi) é a
sua montaria e seu mais fiel companheiro. Esse animal quase sempre se encontra
próximo de Shiva. Montar um touro branco simboliza dominar a violência,
controlar a própria força e a energia sexual.