quinta-feira, 6 de agosto de 2015

Shiva ou Siva


Shiva ou Siva, o deus hindu da destruição; é sem dúvida,uma das divindades mais sinistras e mal-compreendidas do vasto panteão indiano. Ao contrário do que muitos idiotas pseudo-bruxos dizem,o Senhor Shiva, não é um simples demônio; ele é muito mais do que isso, ele é o Senhor dos demônios. Seu nome possui vários significados, desde benevolente, auspicioso, afetuoso à terrível, destruidor,etc. Shiva é o deus do ritmo cósmico,do ciclo nascimento-morte-renascimento, do ciclo metabólico e catabólico, sem o qual não poderiam existir desenvolvimento ou vida. É o deus do Caos e da Ordem.

Shiva é conhecido por diversos nomes, tais como: Panchamukhi Maruti, Nilakhanta [garganta azul], Shambu [o benígno], Pashupati [O Senhor das Bestas], Aghora [Nada é Horrível], Nataraja [O Senhor da Dança], Rudra [O Nêmesis da Escuridão], Mahadeva [O Grande Deus], e muitos outros. Lorde Shiva, como é chamado por seus devotos,também é conhecido como o deus da morte,por que acima de tudo é o destruidor do Ego humano e da morte carnal.Ele é o doador da imortalidade para seus devotos.

O culto à Shiva é o mais popular e também pode ser um dos mais ocultos e sinistros,ao lado do culto de sua consorte,a deusa Kali,a Deusa da Morte,a Senhora e Mãe do Universo.Muitos de seus devotos são conhecidos como Sadhus [os Homens Santos] e tendem a praticar toda forma de ascetismo para demonstrar e provar sua devoção.

Shiva é representado quase sempre semi-nu, símbolo de sua condição primitiva para o mundo. Seu corpo é a demonstração de sua transcendência,com seus olhos semi-abertos,ele está emergido em meditação,está no Caos infinito e inatingível.O Ganges nasce em seu cabelo como uma fonte que jorra ao longe nas montanhas dos Himalayas.

 A Lua nova em sua testa,a serpente naja ao redor de seu pescoço,o touro sagrado Nandi [O Fiel],são símbolos sagrados,formam um agrupamento que indica a função de Shiva como o deus da fertilidade.

Em sua testa estão três linhas horizontais,pintadas com cinzas,que representam os três deuses da Trimurti,os três mundos.No centro de sua testa figura o Terceiro Olho [O Olho da Destruição]; é através deste olho,que a manifestação cósmica é mantida e destruída. É ele o difusor da vida e da morte.Ao redor de seu pescoço,está uma guirlanda de 108 contas,os 108 elementos da criação material, e em uma de suas mãos está um rosário de 50 contas, as 50 contas do alfabeto sânscrito.


Os dois brincos em sua orelha,são indicativos de sua percepção cósmica;ele está sentado em uma pele de tigre,um símbolo de poder,mostrando seu domínio sobre o mundo material,animal.As diversas formas pelas quais Shiva apresenta-se,muitas vezes chocam as pessoas menos avisadas.Encontram-se imagens com um aspecto sereno e outras de aspecto atemorizantes,nos quais Shiva é o símbolo do Caos,da destruição total do universo.


Sob este ponto de vista,Shiva é considerado o Senhor dos Crematórios, o Senhor dos Ganas [que são terríveis demônios,fantasmas e vampiros], que servem à Shiva e residem com ele nas criptas de cremação e nos cemitérios.Várias de suas estátuas o representam ornado de crânios e coberto com as cinzas dos mortos.

Muitas pessoas,ainda presas pelas amarras do Cristianismo e de outras religiões ortodoxas, não compreender essas representações e seus significados ocultos, mágicos e esotéricos.Entre as várias divisões de devotos e filosofias que fazem parte da devoção à Shiva,os mais sinistros e místicos são os Aghoris e os Gorakhnathis, pertencentes as antigas escolas tântricas e para muitos são considerados os verdadeiros praticantes do Tantra do Caminho da Mão Esquerda ou Magia Negra. Ainda há muito mais há dizer sobre o Senhor Shiva. Um dos deuses mais fascinantes e misteriosos entre todos os sistemas ocultos e mitológicos de todos os tempos.


Conta uma antiga tradição indiana que o Senhor Shiva sempre que decide vir à Terra toma a forma humana de um yogue errante. Shiva é a divindade que, mais do que qualquer outro deus indiano, serviu de modelo aos yogues. Segundo essa mesma tradição, Shiva realmente existiu, há milhares de anos, na forma humana de um sábio yogue. No entanto, as histórias a ele relacionadas apresentam um caráter um tanto quanto mitológico. Sua imagem encontra-se constantemente associada ao monte Kailash, no Himalaia – morada das neves –, sua principal residência e alvo de inspiração dos yogues, sadhus (ascetas virtuosos) e samnyasins (renunciantes da vida mundana).

Shiva, o pai do Yoga, é uma das personalidades mais citadas nos Puranas (1). Acredita-se que Shiva tenha vivido um período de sua vida nu, com apenas uma fina camada de cinza recobrindo seu corpo – como vivem, ainda hoje, muitos yogues reclusos na Índia – ou como se vestiam os antigos ascetas hindus que moravam nas distantes florestas e nas cavernas do Himalaia.


Muitas vezes, Shiva é representado trajando apenas uma pele de tigre ao redor da cintura e/ou uma espécie de manta – também do mesmo material – em torno do tronco, com um de seus ombros descoberto e com algumas serpentes najas ao redor do pescoço, da cintura e dos braços, e uma lua crescente em seu longo e indisciplinado cabelo. A respeito dessa representação, há uma antiga e interessante história que conta como ele adquiriu tal aparência.         

Mitologia em torno de Shiva é vasta, mas ele existiu como ser humano há milhares de anos


Certa vez, o rei dos demônios, incomodado com a sabedoria e os poderes de Shiva, enviou um dos seus súditos na forma de uma peçonhenta serpente naja para matá-lo. Antes que a serpente o mordesse, Shiva – o “Senhor de todas as Criaturas” –, agilmente, pegou-a com a mão, domou-a e a colocou como adorno ao redor de seu pescoço. Então, a serpente tornou-se sua fiel amiga e companheira. Furioso, o rei dos demônios enviou outro demônio mais feroz na forma de um terrível tigre. Ao lutar com o feroz animal, Shiva percebeu que ele não poderia ser adestrado e que precisaria matá-lo. Com a sua pele, confeccionou uma roupa para se vestir.



Essa história mostra-nos que os momentos difíceis e de atribulações podem muito ajudar a crescer como pessoa, a compreender muitas situações e, consequentemente, tornar melhor e mais capaz; que não se deve desesperar e desanimar e, sim, procurar extrair das circunstâncias desfavoráveis algo de útil, um aprendizado ou proveito, assim como o fez Shiva. A partir desse posicionamento, é possível tornar-se mais autoconfiante, experiente, forte e sábio.


Shiva como Mahadeva é o grande deus do panteão hindu; como Shankara (o pacificador), um yogue meditante; e como Shambo ou Shambhu, o mestre benevolente. Shiva, muitas vezes, é também representado portando em sua mão um tridente – trishula – arma sagrada com a qual ele destrói o mal e a ignorância. A naja é a mais mortal das serpentes. Uma naja como adorno ao redor do pescoço e da cintura simboliza que Shiva dominou a morte, tornou-se imortal. Ela também representa a kundalini desperta, o constante estado de samadhi – de superconsciência – em que ele se encontra. O tambor (damaru) que ele segura na mão, quando assume a forma de Nataraja – o deus dançante –, simboliza o som do nascimento do universo (o mantra OM). É com ele que Shiva marca o ritmo do universo, as eras (yugas) e o compasso de sua dança. O touro branco (nandi) é a sua montaria e seu mais fiel companheiro. Esse animal quase sempre se encontra próximo de Shiva. Montar um touro branco simboliza dominar a violência, controlar a própria força e a energia sexual.